Um produto só? Você vai virar commodity.

          Comecei a lecionar, de maneira despretensiosa, em 2007, quando da minha nomeação para diretor operacional de uma entidade associativa.

          Nestes quinze anos trocando experiências com profissionais do setor de recebíveis, sempre argumentei pela diversificação de receitas. Daí meu apreço ao fomento comercial, um pouco até em detrimento da securitização. Mas isso é assunto para outra coluna.

          Minha pergunta em sala de aula sempre foi: “Se vivêssemos num País com taxas de juros civilizadas, os senhores viveriam de que”?

          Tal pergunta sempre pareceu “utópica” para a maioria das pessoas: “Ora, Rogério!! Taxa de juros baixa no Brasil”?

          Pois é.

          Até entendo a prerrogativa, mas os leitores se lembrarão de uma Selic de 14,60% ao ano em 2016 e de somente 1,90% ao ano em agosto de 2020.

          Quem diria, hein?!

          Não fosse a pandemia e a consequente alta inflacionária, não poderíamos estar em 1% ao ano?

          Quem sabe?

          O fato é que devemos pensar de maneira estratégica, partindo do pressuposto que o tomador de recursos sabe muito bem que a matéria prima do pretenso crédito é a taxa de juros básica da economia.

          O tomador é bem informado, conhece de mercado, de finanças e de políticas de crédito, portanto tenha isso em mente ao pensar em diferenciais competitivos.

          E não há como falar em “diferenciais competitivos” sem que falemos em diversidade de produtos e serviços.

          Um simples “desconto de duplicatas” é exatamente isso; um simples desconto de duplicatas.

          Mas e se o mesmo “desconto de duplicatas” estiver agregado a uma conta digital?

          E se o mesmo “desconto de duplicatas” for precedido de um empréstimo ou financiamento à produção?

          E se o mesmo “desconto de duplicatas” estiver acompanhado de um gerenciamento de contas a pagar?

          Teríamos ou não maiores oportunidades na geração de receitas e de agregar valor ao nosso trabalho, “mostrando” ao tomador que o custo do crédito não é simplesmente uma taxa nominal?

          Devemos lançar mão da maior quantidade de “institutos jurídicos” possíveis e de toda tecnologia disponível para viabilizar produtos e serviços, de modo que possamos diversificar receitas e precificar adequadamente a nossa oferta de crédito, saindo das comparações simplórias com o que se chama de “taxas de mercado”, mas transmitindo ao tomador a sensação de “dinheiro bem gasto” conosco.

          Caso contrário, seremos só commodities.

          Boa sorte.

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Rogério Castelo Branco

28 anos de carreira em gestão de recebíveis.

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