Em todos esses anos ministrando treinamentos e prestando consultoria para diversas empresas do país, observo a grande preocupação dos empreendedores (pertinente) com processos bem estruturados de gestão, com foco na análise de crédito e prevenção às fraudes.
Investimentos enormes são realizados em sistemas complexos, mão de obra qualificada e procedimentos técnicos e assertivos.
O problema é que passado algum tempo, tais investimentos não refletem os benefícios almejados nos balanços destas empresas.
Ao contrário;
Quando se combina tais investimentos as perdas decorrentes de “análises equivocadas”, bate até um certo arrependimento no empreendedor.
Só que, ao analisar os motivos das perdas constatamos que a “culpa” não decorre dos processos e sistemas implementados, mas da histórica falta de disciplina do empreendedor.
Muitos dos empresários do setor de recebíveis iniciaram no setor de maneira “intuitiva”, ou seja, sem métodos e processos devidamente estruturados.
Quando chegam em determinado “tamanho”, percebem que precisam profissionalizar sua empresa, visto que clientes inadimplentes (cedentes ou sacados) acabam comprometendo seus resultados, justamente por conta da sua perda da capacidade em gerenciar riscos (efeito colateral do crescimento).
Reconhecer isso já é um grande avanço, já que grandes empresas ainda hoje agem de maneira “intuitiva”, por incrível que pareça.
É importante salientar que os empresários do setor são extremamente competentes no processo de análise de crédito. Não fosse isso, não teriam crescido.
Por outro lado, é humanamente impossível gerenciar riscos, a partir de um determinado tamanho, de maneira exclusivamente intuitiva, por mais competentes que sejamos. Em dado momento, os processos devem prevalecer.
Estabelecido o planejamento e implementados os processos, em tese, não haveria nenhum motivo para que mais perdas acontecessem a partir daí, correto?
Errado. Novas perdas voltam a acontecer.
Revendo os processos, verifica-se que tudo foi estruturado com base em critérios técnicos. Então por que a recorrência nas perdas?
Absoluta falta de disciplina do empresário.
É a “boa e velha” desculpinha do “eu sei o que estou fazendo!”.
Não invariavelmente vemos empresas tradicionais no setor “caindo” em fraudes antigas, mas não por ignorância, mas por simples falta de disciplina.
Minha maior dificuldade hoje, como consultor, não é estabelecer procedimentos adequados a cada empresa, mas tentar convencer os empresários a manter disciplina com os procedimentos estabelecidos.
Tem a ver um pouco com a questão do ego?
Tenho certeza que sim.
Mas isso já é assunto para outra coluna.
Boa sorte, um Natal abençoado e um 2022 repleto de saúde e realizações para todos nós.