Não lembro exatamente quando participei do meu primeiro congresso da Anfac, lá nos anos noventa. Devo ter ido em um, ou no máximo dois, em toda minha carreira.
Mas lembro-me bem dos convites gentis e cordiais feitos pelo então (e até hoje) muito querido doutor Yoshimura. (não sei por onde anda, mas gostaria de saber).
Quem, em sã consciência, conseguiria dizer “não” àquele doce de ser humano? Gentil, educado, respeitoso e inteligente?
Mesmo adorando a pessoa do mestre Yoshimura, eu o indagava sobre os temas que seriam abordados no congresso e quais os benefícios práticos em participar., até porque, barato não era, e eu estava só começando.
Sempre muito antenado com as dificuldades do setor, ele sempre enfatizava a importância dessa ou daquela palestra para o dia-a-dia das nossas factorings.
Sim, leitor(a), nossas factorings.
O (a) caro(a) leitor(a) não precisa ficar com “nojinho”.
Tudo começou com elas, as factorings, gostemos ou não.
Invariavelmente eu argumentava que determinado assunto não agregaria nada de útil ao fomento, pois aquele famoso palestrante (geralmente um jornalista, economista ou celebridade) já era ouvido diariamente em rádios, jornais ou mídias em geral, sem necessariamente ter alguma afinidade conosco.
Outros palestrantes resumiam-se a fornecedores do setor, sempre com suas “soluções milagrosas”, magistrados que não sabiam sequer o que era fomento comercial, um ou outro político oportunista, e cartolas do fomento, famosos e admirados por nossos pares.
Quando cada evento acabava, eu ficava pensando o que aquele dia teria agregado de bom ao setor, salvo, é claro, o contato direto com nossos concorrentes, na maioria das vezes, bons amigos, com dicas valiosas.
A minha resposta sempre foi um grande ‘”NADA”. Mas valia pelo contato com os colegas e acesso à uma ou outra novidade.
A maioria das soluções dos fornecedores já era conhecida, os magistrados continuavam a nos penalizar nos tribunais, os políticos sumiam quando precisávamos deles e nossos cartolas, com seus egos cada vez mais inflados pela admiração dos seus pares, só sabiam “brigar” (sem sucesso) pela sucessão na, então única Associação do Setor.
Tentei propor aos cartolas um modelo novo de evento institucional, priorizando o fortalecimento de nossa imagem junto aos representantes dos nossos clientes, pois (mercadologicamente falando) não interessa nada que seja feito “de dentro para dentro”, mas sim, de “dentro para fora”.
A desculpa, até hoje é: ”Isso dá muito trabalho”.
Já que meus apelos nunca foram ouvidos, ficam aqui algumas sugestões para os próximos congressos, simpósios, eventos ou encontros que congreguem profissionais do setor:
- Mesmo que o evento aconteça em um Resort “chique”, centro de convenções ou qualquer ambiente pago, adquira ingressos para que seus colaboradores também participem. São eles quem de fato constroem seu sucesso. Lembre-se: Selinho GPTW não pode ser só para “sinalizar virtude”, ou para ficar na modinha, não é mesmo?
- Tenha palestrantes humildes do setor, que admitam seus erros, compartilhem seus acertos e sirvam de exemplo de conduta. Lembre-se: “Sermãozinho” feminista não agrega nada.
- Sempre tenha palestrantes jovens. Os jovens têm muito a nos ensinar. (Os congressos atuais estão dando um show nesse quesito).
- (Mas) Não abra mão dos cartolas. Sua experiência é algo que não se acha em lugar algum. Ouça o que está nas entrelinhas.
- Inclua menos painéis de discussão, mas com assuntos realmente espinhosos, tais como:
– Como evitar que sacados impeçam seus fornecedores de antecipar conosco. (Assunto explorado nos últimos congressos).
– Como evitar liminares fraudulentas. (Assunto bem explorado nos últimos congressos).
– Como evitar RJ´s fraudulentas. (Assunto bem explorado nos últimos congressos).
– Como cobrar a taxa adequada à nossa realidade.
– Como diminuir ou mitigar o risco cedente.
– Como criar vantagem competitiva frente ao sistema financeiro.
– Como diminuir custos com os fornecedores do nosso setor.
– Como aumentar a representatividade política do setor.
– Como contar com centrais de risco confiáveis.
– Como impedir que dezenas de empresas do nosso setor “caiam” num único cliente.
– Como estabelecer uma autorregulação que envolva de fato todas as empresas do setor.
– Como unir um setor tão segregado como o nosso. Lembrando que somos institutos jurídicos diversos, sendo Factorings, Securitizadoras, ESC´s e FIDC´s.
Ficam aqui meus cumprimentos sinceros aos líderes do setor que promoveram eventos exemplares em 2023, seus palestrantes e painelistas, tais como o Presidente Márcio Aguilar com seu Summit Service no Rio Grande do Sul, o Presidente Roberto Ribeiro por seu Simpósio BMP/Sindisfac, em Minas Gerais, O Presidente Hamilton pelo congresso ABRAFESC, Simpósio SINFAC-SP e Encontro Regional de Campinas e, tão importante quanto, o Primeiro Encontro de Imersão, do Professor Ernani Desbesel.
Desejo à todo setor, saúde, paz e muitas realizações em 2024!